23/07/07

Notas sobre a toponímia de Castro Laboreiro II - ALAGOA


ALAGOA [41°59'37.78"N; 8°10'17.13"O; Alt: 855m]:

Topónimo complexo formado pela aglutinação de 2 elementos (A-Lagoa). É um topónimo de origem hidrográfica e deve ter tido a sua origem numa construção hidráulica, provavelmente uma represa, ou como se diz em Castro: - Um “Pantáno”.

É um topónimo muito comum. Em Portugal Continental existem várias povoações assim designadas, inclusive existe uma freguesia com este mesmo nome no concelho de Portalegre. No Brasil existe uma Cidade chamada Alagoa no Estado de Minas Gerais.

Trata-se de uma Inverneira na margem direita do Rio Laboreiro, sendo que os seus habitantes mudam sazonalmente para a Branda do Rodeiro e de Formarigo, na margem direita e esquerda do Rio Laboreiro, respectivamente.

7 comentários:

Anónimo disse...

Cumprimentos,

Parabéns pelo blog. A compilação da informação que faz é óptima.
Tem algumas imprecisões, na minha opinião, e francamente ainda não tive tempo para ler tudo.
Permita-me discordar e dizer-lhe que em Castro Laboreiro não há transumância tal como ela é entendida.

Continue.

RA

Bocanegra disse...

RA,

Obrigado pelo seu comentário assertivo e bem intencionado.

Agradeço-lhe que indique as imprecisões que for detectando para as podermos discutir e corrigir, se for o caso.

Por fim, deixe-me dizer-lhe que a transumância é um fenómeno sociológico singular que está gradualmente em extinção pelo menos desde o final da década de 70 do século passado (as explicações são múltiplas e comprometo-me desde já a tentar indica-las em futuros "posts"!). Contudo, tal fenómeno, ainda sobrevive, visto que ainda existem famílias que cumprem este peculiar modo de vida, não por necessidade mas por afectividade. Se reparar nos "posts" sobre a toponímia onde refiro a transumância, verificará que tive o cuidado de informar que "tradicionalmente" as pessoas mudavam do Branda X para a Inverneira Y (e vice-versa), ou seja, a tradição era essa quando a transumância era um uso praticado em pleno.

Agradeço-lhe a sua intervenção e convido-o a participar sempre que lhe apetecer.

Anónimo disse...

Bom dia,

Não existe transumância em Castro Laboreiro (pode ter existido vai para muitos séculos atrás, mas não nos últimos, e não há qualquer tetemunho desse facto). É básico. É um erro muito repetido em escritos sem qualidade. As pessoas conhecedoras que escreveram sobre o assunto nunca usaram essa palavra, pelo simples motivo que a nossa mudança não é transumância.

Aponto outro erro,quando diz que Castro Laboreiro é constituido por 42 lugares.

E por agora chega.

Cumprimentos,
RA

Bocanegra disse...

RA,

Assiste-lhe razão no comentário que faz, uma vez que, de facto, o termo transumância em sentido técnico se refere unicamente ao movimento sazonal de rebanhos de gado e dos respectivos pastores das terras baixas para as terras altas e vice-versa, permanecendo as famílias detentoras dos rebanhos nas suas residências habituais. Trata-se, por isso e tão só, de uma forma de pastoreio.

Já em Castro Laboreiro o fenómeno é (ou era) muito mais amplo, isto porque a deslocação sazonal para além dos rebanhos inclui também as próprias famílias e os praticamente todos os seus haveres. Tal como ensina ALICE DUARTE GERALDES in Brandas e Inverneiras – particularidades do sistema Agro-pastoril crastejo, Cadernos Jurís-Xurés, n.º 2, 1996, a págs. 11, «(…) em Castro Laboreiro a complementaridade entre a pastorícia e agricultura realiza-se em pleno, tanto nas brandas como nas inverneiras, enquanto que para as populações que praticam a transumância, essa complementaridade é alcançada mercê da exploração de cada uma das componentes do seu sistema económico em espaço próprio: as serras provêm-nas de pastos; as zonas do vale de produtos agrícolas». Nesse sentido será de facto preferível falar, tal como faz a referida autora, em regime de alternância residencial polarizada por duas realidades ecológicas distintas, ou em migração sazonal.

Quando utilizei o termo transumância foi numa acepção genérica, para simplificar a ideia para aqueles que não conhecem em profundidade a realidade Castreja, mas admito que deveria ter sido mais rigoroso e por isso irei alterar “os posts” em causa.

Quanto ao número de lugares é que me parece que está equivocado pois são de facto 42, isto a menos que se queiram autonomizar núcleos populacionais que estão, desde sempre, agregados, como sejam “Os Portos” que tem dois núcleos populacionais: - os Portos de Cima e os Portos de Baixo, tratando-se portanto de um lugar binuclear; ou então autonomizar outros pequenos núcleos que são dependências integrantes de Lugares maiores como sejam “Os Sodreiros e os “Pousios” que são dependências do Ribeiro de Cima, e “Os Casais”, “Outurelos” e “o Saramagal” que são núcleos dependentes do Ribeiro de Baixo.

Anónimo disse...

Caro bocanegra,

Louvo a sensatez, visto não esperar outra coisa de um Crastejo.

A sigularidade falada por todos, encontra-se exactamente no facto de não ser transumância.

Transumância quase todos os povos da europa fazem.

Em relação ao lugares, como podes imaginar não me refiro a esses núcleos que falas, e outros. Refiro-me a lugares que os documentos e as pessoas consideram.
Temos de ser mais precisos como dizes quando falamos destas coisas.

Em relação a lugares desparecidos também erras.

Uma coisa é copiar informação para aqui, que eu louvo, visto teres tempo e gosto, e essencialmente permitires a muitos que não ligam nada ao que esta escrito sobre a sua terra ,lerem isto de uma maneira fácil , aprenderem e sentirem-se mais Castrejos, outra, é destinguir o trigo do joio, e aí tens de ser o mais rigoroso possivel.

Felizmente para todos, vais ter muito que escrever, visto que existem kms de coisas sobre a nossa querida terra.

Um século de escritos sobre Castro criou uma cultura e um sentir que é só nosso.

Normalmente o povo cria a cultura, mas são os escritos dos académicos e curiosos, que a valorizam,cristalizam e perpetuam, porque o povo tem memória curta, não liga ao que criou (por vezes despreza mesm a criação inconsciente), salvo alguns, e por vezes esse msmo povo é ingrato.

Não tenho problema em relevar a minha identidade caso seja necessário, porque com toda a certeza somos amigos, já, ou vamos ficar.

Cumprimentos sinceros,
RA

Bocanegra disse...

RA,

Obrigado pela tua intervenção e pelas boas e amáveis palavras.

Quanto à questão do número de lugares, continuo a discordar da tua opinião, isto muito embora ainda não tenhas dito o número que no teu entendimento deve ser considerado(tanto activos como extintos. Contudo, se preferires, vamos deixar o assunto para depois! Teremos concerteza oportunidade de a ele voltar.

Como já tives-te ocasião de reparar, neste Blog, há informação copiada e informação da minha lavra, gerada e produzida por mim com base nas investigações que vou fazendo e nas fontes a que tenho acesso. Aquela que é copiada vai sempre com a indicação da fonte donde provêm e normalmente em itálico, se forem textos escritos. Aquela que é original, ou seja a que produzo, vai com o risco assumido, pois tendo como tenho a consciência das minhas limitações, não tenho qualquer ilusão de que posso estar a escrever asneiras, contudo, estas, por maiores que sejam nunca são intencionais, ou melhor, nunca tem uma má intenção (o caso da transumância é um exemplo disso mesmo!)

Quanto às restantes considerações que fazes no teu comentário estou em absoluto acordo contigo. De facto, o povo que é o produtor da Cultura que tanto estimamos, é o mesmo que tantas vezes a despreza ou inconscientemente (e aqui por não ter capacidade ou ilustração suficiente para compreender o valor precioso da sua própria criação); outras vezes conscientemente, porque os estímulos e a integração noutras Culturas e formas de vida o fazem desvalorizar e menorizar aquilo que é seu.

E sim! O Povo também é (salvo excepções) tendencialmente ingrato, mas isso é algo que não afecta nem pode afectar os que fazem as coisas de uma forma pura e desafectada e que não visam com isso qualquer agradecimento ou reconhecimento.

Por fim, não preciso nem julgo desejável, por princípio, que reveles a tua identidade isto porque como dizes, de certeza que já somos amigos, e se assim não era passamos, desde já, a ser, e por outro lado, o anonimato, entre pessoas inteligentes e de boa índole (como é o teu caso!)torna as coisas mais curiosas e interessantes, visto que podemos fazer disto uma espécie de jogo em que cada um desconhece o as cartas que o outro tem, o que acaba por ser enriquecedor para ambos bem como para todas as outras pessoas que frequentam ou venham a frequentar este Blog.

Um grande abraço Crastejo.

Anónimo disse...

Bom dia,

Excelente intervenção, a tua. Eu não faria melhor.
Sobre os lugares o meu objectivo é mesmo para reflexão, porque o assunto é pertinente e de dificil resolução, e é dificil ser dono da razão. Números redondos como apresentas também não me parece ser a solução. Poderei falar depois sobre os lugares.
Vi o Post da Ameixoeira. De acordo contigo em tudo, principalmente com o nome.
É um nome muito mal tratado, pricipalmente pelos organismos oficiais.
No fim de semana vou ler com atenção todo o blog.

Saudações Laboreiras,
RA