31/12/08
Recomeça...
Recomeça….
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga
Boas Entradas
FELIZ ANO NOVO
30/12/08
Terra frigidíssima de neves
21/12/08
Hoje a noite é jovem...
«Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.»
Feliz Natal Meus Amigos
16/12/08
15/12/08
Dardejando
06/10/08
26/09/08
O regresso do guerreiro
Não fosse por isso! Uma ida ao "Reino Maravilhoso" (Miguel Torga dixit) é sempre uma viagem que não carece de pretexto algum e assim lá disse ao "grande" Laurindo que contasse comigo!
Depois, lá me pus à procura de informações na net sobre a dita exposição e assim fui descobrindo umas coisas curiosas.
Vejam lá que, ao que se sabe, no princípio do Sec. XVIII uma equipa de arqueólogos descobriu no Castro do Lesenho, que actualmente se situa na freguesia de Boticas, duas estátuas de guerreiros castrejos, datadas da 2.ª Idade do Ferro (algures entre o ano 1000 ANTES DE CRISTO e o início da colonização romana). Logo os diligentes arqueólogos se encarregaram de as levar para Lisboa para nunca mais as devolverem ao seu local de origem! Tais estátuas nomeadamente a que se encontra íntegra (uma vez que a outra se encontra decapitada) vieram a tornar-se um dos ex-libris da Arqueologia portuguesa e integram actualmente o espólio do Museu Nacional de Arqueologia.
Pois é este velho guerreiro que vai regressar temporariamente à sua terra para efeitos da Exposição "Guerreiros Castrejos", que se trata de uma iniciativa conjunta entre o dito Museu e a Câmara Municipal de Boticas, iniciativa esta que prevê ainda um Colóquio Internacional designado "Deuses e Heróis nas Alturas do Barroso". A Exposição, para além do famoso guerreiro castrejo de Boticas terá igualmente a presença dos não menos famosos guerreiros sentados que foram cedidos pelo Museu Arqueolóxico Provincial de Ourense (É! Estes não estão em Madrid! Estão mesmo na terra deles!). Para além disso, estará igualmente em exibição um guerreiro proveniente da grande Citânia de Sanfins, amavelmente cedido pela Câmara Municipal de Paços de Ferreira. Segundo se lê no site da Câmara Municipal de Boticas, será a primeira vez que se reunirá, numa exposição, um tão apreciável número de guerreiros castrejos, isto para além de outras peças como são as estátuas dos varrões tão típicas da Idade do Ferro no território trasmontano (v.g. a famosa Porca de Murça). Pois vou mesmo passar o fim-de semana a Boticas, para dar boas vindas ao velho guerreiro. Isto com uma secreta mágoa de não ser possível, pelo menos para já, fazer-se em Castro Laboreiro algo parecido! Por exemplo uma Exposição sobre a Cultura Megalítica! Mas não perco a esperança! Um primeiro passo pode ter sido dado aqui!
A visita do Arcebispo
23/09/08
O Outono sem comentários
Música: Antonio Vivaldi - As Quatro Estações - O Outono (1.º andamento).
Intérprete: Nigel Kennedy e a English Chamber Orchestra (1989)
16/09/08
O "bailhe" da festa do Rodeiro
Grande "bailharico" este ano na Festa do Rodeiro! Parabéns minha gente! A Senhora dos Remédios até bateu o pézinho de satisfeita ao ver-vos "bailhar" esta caninha "berde".
Este ano "non" me calhou bem! Mas "pró" ano "non" falto!
Parabéns também ao AnDie4960 pelo filminho!
09/09/08
Investimento
Pelo que na notícia se lê, uns quantos euros serão aplicados em Castro, designadamente na reabilitação da "Casa de Dorna" e no apoio e protecção do cão de Castro Laboreiro.
Fico feliz e espero que tudo funcione como deve ser, porque em Castro, quer seja muito ou pouco, quando "vem por bem" é sempre bem vindo.
08/09/08
O cigano belga e o latino francês
Ouçam estes dois! O latino era francês, filho de italianos e um mestre do violino "Jazz"! Chamava-se Stéphane Grapelli (1908-1997). Já o cigano era Belga! Chamava-se Django Reinhardt (1910-1953) e foi um guitarrista realmente extraordinário e ainda hoje absolutamente inimitável (olhem bem para os dedos mínimo e anelar da mão esquerda do homem e verão que pura e simplesmente não tem falanges)!
Resta só dizer que o Jazz europeu nunca mais foi o mesmo depois destes dois, quanto mais não seja por terem fundado em 1934 o "Quintette du Hot Club de France" que aqui ouvimos neste filmezinho pescado nas profundezas desse mar repleto de pequenas pérolas (e também de muito lodo) da cultura e da civilização humana, que se chama: - You Tube!...
03/09/08
Eu e este!
Não importa! Apesar desse pequeno "quid pro quod", desconfio que nos "imos" dar muito bem! Afinal basta olhar para os nosso "frontespícios" para se concluir que ambos somos uns tipos ferozmente simpáticos!
06/08/08
Agosto lá p'ra riba
A terrinha continua linda como sempre! O estio não vai muito quente nem muito frio, ou melhor, tanto lhe dá p’ró calor como p’ró frio! De resto vê-se pouca gente. Sobretudo poucos imigrantes! Será da crise?
Este último domingo foi a festa das Cainheiras: A Senhora da Boa-Vista. Há uns anos atrás era uma das principais festas da freguesia! Agora limita-se a ser mais um acontecimento tradicional que só importa às boas gentes das Cainheiras e pouco mais! Esta coisa das velhas festas da freguesia para as novas gerações é assunto cuja cogitação não merece sequer uma milésima do seu precioso tempo! Pena! Muita pena! São justamente estes acontecimentos tradicionais e a forma como os vivemos ou como os deveríamos viver que, afinal, nos singularizam e nos distinguem enquanto comunidade.
Disso. Dessa singularidade tão nossa e tão malbaratada, percebe o Núcleo de Estudos e Pesquisas dos Montes Laboreiro que nos próximos dias 15 e 16 de Agosto irá organizar o VII Congresso da História Local. A não perder…
Também no dia 15 deste mês a Associação Portuguesa do Cão de Castro Laboreiro irá organizar mais uma edição, a 58.ª, daquele que é o Concurso de Canicultura mais antigo de Portugal: - O Concurso Tradicional do Cão de Castro Laboreiro. A primeira edição foi em 1914.
Entretanto, já no próximo fim de semana (8 a 10 de Agosto) temos a Festa da Cultura em Melgaço evento no qual e como não podia deixar de ser, Castro Laboreiro e a sua cultura surgem em múltiplas e variadas manifestações (a começar pelo cartaz publicitário criado com base numa fotografia obtida no interior do velho e ilustre Castelo do Laboreiro).
Por isso em verdade vos digo: -Neste mês podem e devem, ir a gosto lá p’ra riba, pois “hai” muito que fazer “é” que ver!
“Ala”! Encontramo-nos lá riba “é” botamos-lhe um “cacharrinho”. A primeira rodada "pago-vo-la" eu!
25/07/08
Num chão frio...frio...
À falta de tempo para escrever sobre a nossa terra (isto tem andado complicado por causa da aproximação das férias!) apresento-vos a este senhor que aqui canta e que na passada sexta-feira deu um dos seus, cada vez mais raros, concertos ao vivo em Milão no Teatro Degli Arcimboldi. Chama-se Tom Waits, faz parte da banda sonora da minha vida, e é um génio! Músico, actor (é lendária a sua performance no Bram Stoker's Dracula de Francis Ford Copolla!) e último poeta "beatnick" vivo, descendente em linha directa do "Rei" Jack Kerouac!
Faz parte do meu imaginário da América, da grande América, da América criativa, humanista, tolerante e libertária, não desta pequena América belicista e arruaceira que o Sr. Bush e os seus sicários têm imposto ao Mundo nos últimos anos.
God Bless ... Tom Waits
God Bless America ... Land of the free... Home of the brave ....
18/07/08
Crónica da restauração do Pelourinho de Castro Laboreiro
«(…) Embora Castro Laboreiro fosse erecta Vila e sede de concelho por foral concedido por D. Afonso III, em 1271, o que correspondia ao direito de pelourinho, o actual monumento, desta antiga Vila, data de 1560, tendo-lhe sido concedido novo foral por D. Manuel I em 1513. Constituído por três degraus, uma base, fuste, gola e capitel, rematado por pequena pirâmide, presidiu aos destinos desta região desde 1560 a 1860, data na qual foi apeado do seu legítimo lugar e dispersos todos os seus elementos para naquele local se construir uma casa particular.
Os degraus desapareceram para sempre, não havendo possibilidade da sua recuperação. A base consegui descobri-la a fazer parte do muro de um quinteiro.
Mercê dos trabalhos de investigação do estudante Soeiro de Carvalho no Arquivo Distrital de Viana do Castelo, conseguiu descobrir-se um esboço muito perfeito deste pelourinho, efectuado pelo Sr. Coronel Fernando Barreiras, em Julho de 1917, data em que fez uma visita de estudo a Castro Laboreiro; e que servindo-se das preciosas informações do Castrejo Sr. Melchior Gonçalves, que ajudara a desmontar e destruir este antigo pelourinho em 1860, conseguiu com muita precisão representar a lápis este monumento no artístico esboço de todas as peças constitutivas do mesmo, descrevendo com bastante aproximação as respectivas medidas de cada um dos seus elementos (...).
Foi com esse referido esboço e memória descritiva de todas as peças de que este monumento constava que consegui levar a Direcção dos Edifícios e Monumentos Nacionais do Norte a reconhecer como autênticos todos os elementos descobertos podendo solicitar àquela entidade a sua imediata restauração.
Vinte e quatro anos durou a odisseia da restauração do Pelourinho quinhentista do velho concelho de Castro Laboreiro. Grande Padre Aníbal! Como disse o Aquilino Ribeiro, remoçando o velho provérbio português: - «Alcança quem não cansa»!
16/07/08
Bocanegra
Aqui está o último representante da nobre linhagem dos bocasnegras.
Trata-se de um carro conceptual da Seat apresentado no Salão de Genebra 2008. Pelos vistos parece que vai ser produzido em série!
Quero um!
10/07/08
O Carteiro de Castro Laboreiro
04/07/08
Castro Megalítico
No passado dia 13/06/2007, o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, e a Câmara Municipal de Melgaço, formalizaram junto da Direcção Regional da Cultura a proposta de classificação dos Monumentos Megalíticos e Arte Rupestre do Planalto de Castro Laboreiro. Leiam aqui.
Vamos ver se é desta que, finalmente, uma das maiores riquezas culturais e patrimoniais de Castro Laboreiro é revalorizada, preservada e potenciada, ou seja, vamos lá ver se, por fim, alguém olha como deve ser para o que resta da grande necrópole megalítica situada no planalto castrejo.
Um grande "bem hajam" para o ICN e para a Câmara Municipal de Melgaço, que mais uma vez demonstra o cuidado, o esmero e a preocupação com que nas últimas décadas tem tratado Castro Laboreiro.
Sobre este assunto leiam também (aqui) o magnífico comentário do Núcleo de Estudos e Pesquisas dos Montes Laboreiro.
03/07/08
Castro Laboreiro, 1826
27/06/08
Primeiro Aniversário
Faz hoje exactamente um ano que iniciei este "longínquo" Blog sobre Castro Laboreiro.
Decorrido um ano a intenção mantém-se: - Falar de Castro, divulgar Castro, acarinhar Castro! Isto apesar de algumas derivas intimistas que não tive o bom gosto de conter!
Julgo que o esforço tem valido a pena. As mais de 6000 visitas ao Blog durante este último ano assim o parecem demonstrar! Mas mesmo que assim não fosse, mesmo que só fossem seis, sessenta ou seiscentas, teria valido a pena porque o prazer que tenho retirado desta realização tem sido imenso e ainda porque, como dizia o outro: - "A alma (de Castro Laboreiro, diria eu!) não é pequena!"
Agradeço a todos os visitantes que passaram e passam por aqui, mas sobretudo aos meus amigos Eira-Velha e Fotógrafa, que, tantas e tantas vezes, com os seus comentários tem impedido que me sinta um pregador no deserto!
De resto, garanto que, com ou sem deserto, vou continuar "até que a voz me doa"! E esta noite vou beber uma "champanhada" por conta do "Longe..." e à vossa saúde!
Abraços para todos.
19/06/08
Trajo de Noiva
Alice Geraldes: CASTRO LABOREIRO E SOAJO - Habitação, vestuário e trabalho da mulher; Edição do Serviço Nacional de Parque, Reservas e Património Paisagístico, Lisboa 1979
A Professora Alice Duarte Geraldes, que foi durante muitos anos docente da Universidade do Minho na área da Sociologia e da Antropologia é uma das cientistas sociais portuguesas que mais estudou a sociedade castreja nos seus vários aspectos: - Sociológicos, antropológicos etc... O seu trabalho desenvolvido em Castro Laboreiro em finais da década de 70 do século passado é por isso uma referência incontornável para quem pretenda ter uma visão minimamente consistente da sociedade castreja não só dessa década mas também das décadas anteriores.
Lembro-me de ter tido o prazer de a conhecer pessoalmente, era eu um miúdo de cerca de 12 ou 13 anos. Recordo-me de uma pessoa extremamente calma, simpática e afável, sentada num escano da nossa casa velha a ouvir as velhas estórias da minha avó enquanto a ajudava com o fuso e com a roca, desfazendo-lhe os nós da lã a ser fiada. A Professora Alice era e ainda é uma a pessoa muito querida para todos os castrejos que se lembram dela.
O texto que acima publico foi retirada de uma das suas obras fundamentais sobre Castro Laboreiro, publicada em 1979 "CASTRO LABOREIRO E SOAJO - Habitação, Vestuário e Trabalho da Mulher". Este texto para além de ser a único documento que conheço onde consta uma descrição do velho trajo das noivas Castrejas, tem também a particularidade de conter a preciosa informação sobre a época em que tal trajo foi substituído pelo "trajo da cidade", ou seja pelos modernos vestidos de noiva. Sobre isto refere a Professora Alice que segundo informações que lhe foram prestadas tal transformação se terá dado "há 12 anos atrás" ou seja por volta de 1967.
13/06/08
Pessoa a 120 anos por hora
12/06/08
As Mulheres de Castro Laboreiro
04/06/08
A "belhota"
31/05/08
Melancolia nórdica
Sigur Ros - Samskeity
Ando assim um tanto ou quanto melancólico! Só podem ser saudades de Castro Laboreiro!
23/05/08
O beijo da mulher serpente (continuação)
15/05/08
O beijo da mulher serpente
Se os séculos foram passando sem que aparecesse alguém suficientemente corajoso para realizar tal façanha, nem por isso se pode dizer que o tempo tenha apagado nos homens a crença no tesouro escondido ou tenha esmorecido a fé na sua recuperação, mesmo que para tal se tivesse de cumprir o ritual prescrito pela lenda. A cobiça era sentimento mais forte que a repugnância e o medo, sem contar ainda que a astúcia humana é de tal forma atrevida e pretensiosa que só por si consegue dar, a quem dela resolva largar mão, uma coragem inicial que na maioria dos casos, se não é condição de sucesso é pelo menos de chegada à última etapa possível.
Foi assim que um dia, levados pela cobiça e apoiados na astúcia, um grupo de homens, tentaram desencantar a princesa. Se o pensaram, logo programaram a aventura, animados pelo facto de um deles conhecer os segredos do livro de S. Cipriano, que ajudaria a tomar o tesouro escondido e defendido pela serpente.
Havia, contudo, uma dificuldade que a todos transtornava e que não viam meio de a superar. Como ganhar coragem para beijar a serpente?
Nem se interrogaram a respeito do estranho fenómeno: gasta a última reserva de coragem, hei-los numa corrida doida, galgando e descendo penedos. na ânsia de alcançar a segurança do lugar onde habitavam que, estranho ao facto, recuperava no sono a energia gasta num dia de luta árdua.
Sozinho no alto do Ouinjo, ficou o cego, desprotegido de tudo e de todos, e completamente amedrontado. Valeu-lhe o bordão, seu único apoio e guia, para descobrir forma do chegar a chão seguro e sossegado. E chegou, passados uns dias a Pereira, uma pequena povoação espanhola, que lhe deu guarida.
Depois de conhecida a aventura no lugar, nunca mais ninguém daqueles lugares pensou em repetir a proeza.
Neste estudo encontra-se publicada esta “lenda” ou “conto” recolhida pelo autor em Castro Laboreiro. Dada a sua extensão optei por publicar unicamente a primeira parte, a segunda seguirá em próximo capítulo. Uma última nota para informar aos que não sabem, que o "Quinjo", ou "Quinxo" é uma imponente montanha sobranceira ao lugar do Ribeiro de Baixo, situada em território Galego na margem esquerda do Rio Laboreiro.
10/05/08
As Sete Mulheres do Minho
«As sete mulheres do Minho
mulheres de grande valor.
Armadas de fuso e roca
correram com o regedor.
Essa mulher lá do Minho
que da foice fez espada,
há-de ter na lusa história
uma página doirada.
Viva a Maria da Fonte
com as pistolas na mão
para matar os Cabrais
que são falsos à Nação.»
Esta é uma velha cançoneta da música tradicional portuguesa (dos tempos da revolta da "Maria da Fonte" e da "Patuleia" em meados do século XIX) recomposta e musicada pelo Zeca Afonso e aqui interpretada por estas quatro magníficas moças galegas que formam o grupo:" Faltriqueira".
A exuberância e a contagiante alegria da interpretação facilmente nos permitem reconhecer a velha e autêntica paixão que os músicos tradicionalistas galegos sempre dedicaram ao Zeca Afonso e à sua obra!
02/05/08
O Judeu que viveu em Castro Laboreiro
- Ir á missa aos domingos e nos dias santos;
- Confessar-se nas 4 festas do ano: - Natal, Páscoa, Espírito Santo e Assunção de Nossa Senhora e comungar se o confessor assim o entendesse;
- Jejuar todos os sábados e rezar o rosário de Nossa Senhora;
-Apartar-se da “gente da nação” e cumprir tudo o que prometeu na abjuração.
Desconhece-se se este pobre coitado alguma vez voltou a Castro Laboreiro!
25/04/08
O nosso menino
24/04/08
Parabéns à APCCL
16/04/08
Oitocentos e sessenta e sete anos
14/04/08
Do Alvarinho e do Fumeiro
13/04/08
Emocional câmara lenta.
No outro dia estava eu com dois pacotes de 500 gramas de esparguete em cada mão. Um era da marca “Pingo Doce” outro da marca “Milaneza”. O problema existencial que ocupava o meu espírito era o de tentar descortinar se valia pena comprar o “Milaneza” apesar de o“Pingo Doce” ser substancialmente mais barato e o produto essencialmente igual! Lá estava eu, por isso, a lambuzar-me nas doçuras e subtis dilemas da nossa querida sociedade de consumo, quando de repente, nos roufenhos altifalantes do hipermercado, esta música começou a tocar.
Bom! O meu habitual mau gosto não chega ao ponto de vos confessar que, ao ouvir tal música, tive um “flash” em que contemplei toda minha vida numa emocional câmara lenta! Não! Felizmente não chegou a ser isso! Apenas me bateu uma inesperada nostalgia sobre o alguém que fui no final dos anos 80, início dos anos 90! E, por estúpido ou pretensioso que pareça, pousei os pacotes de esparguete e a restante mercearia e, escondendo a cabeça entre as orelhas, vim para casa procurar a tal música no You Tube.
Agora aqui a deixo, mesmo correndo o risco de que digam que : - “Este gajo, bem quer mas já não é capaz de arranjar mais assuntos para tratar no tal longínquo blog sobre Castro Laboreiro! E, por isso, limita-se a colar uns vídeos que saca do You Tube!”
Digam o que disserem o que é certo é que no dia a seguinte tive que ir outra vez ao hipermercado comprar esparguete e a nostalgia já não foi a propriamente a mesma!
05/04/08
Canário, Augusto!
Sem conservantes e com pouquíssimos corantes, aqui vai o Augusto Canário que descobri no blog deste meu conterrâneo!
Apetecia-me dizer mais qualquer coisa, mas, sinceramente, as palavras fugiram-me! Por isso é melhor "fetchar a matraca" é deixar o Canário tocar e cantar!
Dá-lhe Canário!!!! "Estremece" a alma dos minhotos!!!
28/03/08
Uma rua chamada Castro Laboreiro
24/03/08
Adeus Marlene
Adeus Marlene. Descansa em paz.
20/03/08
Ajudem a Marlene
-ou 93619998 Sérgio Cunha.
19/03/08
Santas Páscoas
É comer o cabritinho "tamém"!
E não esquecer: MUITO CUIDADINHO NA ESTRADA!
17/03/08
14/03/08
Um dia do raio!
«Aos dezoito dias de Novembro de 1659, que foi uma terça-feira, às nove horas da manhã caiu um raio na Torre do Castelo, que servia de armazém da pólvora e mais munições, o qual raio deu na pólvora e fez a maior ruína que se sabe, pois da Torre e mais partes acessórias não ficou pedra sobre pedra e deste grande prodígio se vê claramente ser grande castigo do céu que Deus mandou castigar pecadores que dentro deste castelo estavam e nesta grande desventura se viram grandes milagres.
O primeiro foi escapar o Governador Gaspar de Faria com a sua mulher e mais família, estando na parte mais arriscada, pois aí removeu a muralha da Torre as suas casas e as fez em pedaços e aí estavam e aí escapou com mais segurança e castigou o que na Ermida não podia ficar pedra sobre pedra pois caiu toda a Torre sobre ela e ficou Nossa Senhora dos Remédios e aí me recolhi, sem cobertura, sem água, ficando debaixo toda a máquina.
Terceiro milagre; - Foi que escapou um Escrivão do Governador debaixo desta ruína, sem avaria e são.
Nesta desventura morreram - Gaspar Lima de Castro; Escrivão das Décimas e Sisas e Treslados; e um mulato seu criado, por seu nome Marcos, natural de Tangil e um miúdo, criado do Governador, por nome de Gaspar de Medela e dois soldados.
Do livro n.º 51, folhas 5. Gaspar de Almeida dos Capitães o fez.»
Esta crónica da destruição da Torre de Menagem do Castelo de Laboreiro em 1659, foi publicada por Alexandra Cerveira Pinto Lima, in Castro Laboreiro – Povoamento e Organização de um Território Serrano, Cadernos Juríz Xurês n.º 1, 1996, pág. 55, nota 38. A transcrição que acima vai publicada é da autoria do Padre Aníbal Rodrigues e consta na sua obra "O CASTELO DE CASTRO LABOREIRO", Separata de ESTUDOS REGIONAIS, Viana do Castelo: Centro de Estudos Regionais. 1996, Vol.17. a pág. 8.
29/02/08
O Castelo segundo o Senhor Abade
O falecido Padre Aníbal Rodrigues, familiarmente conhecido em Castro como "O Senhor Abade", foi uma figura incontornável no Castro Laboreiro da segunda metade do Séc XX. Entre os seus muitos méritos enquanto homem e sacerdote, o Senhor Abade dedicou-se à elaboração de pequenos Estudos Monográficos sobre o Património Histórico-Cultural de Castro Laboreiro. Claro que quem tiver o subido privilégio de conhecer tais Estudos e possua alguma bagagem cultural, depressa se aperceberá que ao Padre Aníbal onde lhe faltava o rigor metodológico do cientista social lhe sobrava a paixão ardente pela sua terra e pelas suas gentes! Por isso é que, embora os seus Estudos Históricos não possam, em muitos aspectos, ser considerados como trabalhos cientifícos (ao contrário dos trabalhos de outro sacerdote castrejo - O Padre Bernardo Pintor - , nos quais sobreleva o rigor metodológico do historiador), são, apesar disso, pitorescos e curiosos opúsculos, onde o saudoso Senhor Abade exprimiu todo o Amor que sempre teve à sua terra.
Um destes Estudos designa-se "O CASTELO DE CASTRO LABOREIRO" e consta da Separata de ESTUDOS REGIONAIS, Viana do Castelo: Centro de Estudos Regionais. 1996, Vol.17. Neste Estudo encontra-se um poema do Padre Aníbal que, à parte os méritos literários, ilustra à saciedade o que acima se disse. Passo a citar:
«Castelo, pastor Amigo
Das rezes da velha Grei
Deixa-me falar contigo,
Ouvir coisas que eu não sei.
O teu arnês de guerreiro,
Há quanto tempo o não vejo;
Mudaste-o em pegureiro,
Ou deixaste-o n'algum brejo.
Tua cabeça branquinha,
Parece o lírio do campo,
Inclinada à tardinha
à espera do descanso.
A bela lança d'outrora,
Arrogante e combativa,
Já se oxidou por fora,
Por dentro está combalida.
Teu olhar embaciado,
Quem o há-de conhecer?
Parece o sol nublado,
Pouco antes de morrer.
A tua voz de trovão
Sufocou-se na garganta,
Já não comanda o pelotão,
Não se ouve na Infanta.
A tua face enrugada
Não é dum velho Gigante
Que enfrentou a montanha,
Com aspecto arrogante.
A tua flauta tão linda,
Não se ouve como outrora,
No alto da Cartelinda,
Pelas quebradas em fora,
A chamar as ovelhinas,
Ao sol pôr e vir d'aurora.»
Castro Laboreiro, 12/8/1994