12/06/08

As Mulheres de Castro Laboreiro


«No tempo em que os portugueses disputavam com os castelhanos as terras do Alto-Minho, um exército lusitano, composto por quinze mil homens, batalha os galegos nas margens do Minho. De tal forma era bem sucedido o seu empenho, que chegam a provar o delicioso sabor da vitória. Ébrios deste prazer, julgam-se senhores do mundo. Com entusiasmo desmesurado, aventuram-se por terras da Galiza, alucinados de bravura, dispostos a bater o inimigo em sua própria casa. Mas tal esforço não lhes corre de feição, já que, depois de curtíssimas vitórias, os lusos são obrigados a retroceder, ante o vigor do adversário, espicaçado pela vaidade nacional ferida, e supridos de tropas frescas.
Vindo os galegos no encalço, os portugueses, desorientados, recuam lá para os lados de Castro Laboreiro. Acossados pelo enfurecido inimigo, pronto a corrigir a desfeita sofrida, as tropas portuguesas não encontram forma de o enfrentar, temendo-se uma ultrajante derrota e o risco de perda da soberania dos próprios territórios!
É então que as mulheres daquele lugar, ao verem os seus desnorteados, e perante a afronta desmesurada dos galegos, corajosas e determinadas, resolvem intervir. E se os homens fogem desorganizados e abandonando as armas, elas, depois de se armarem como os guerreiros, cerram fileiras e avançam sem medo, prontas a salvar o país da ignomínia de uma humilhante derrota.
Perante tal atitude e coragem ficam extasiados e confusos, por sua parte, os castelhanos. É então que os homens lusitanos, provocados pelo exemplo de suas mulheres, resolvem voltar para a luta, envergonhados das suas momentâneas pusilanimidade e defecção. Recuperada a energia e a fé indispensáveis, organizam-se e batem os espanhóis, ainda perplexos pela coragem e força das mulheres de Castro Laboreiro. Esta batalha ficou conhecida por “Empresa das Mulheres”.»
Esta é mais uma das narrativas lendárias publicadas pelo Professor António Campêlo na obra que anteriormente referi. Sobre ela diz-nos o ilustre Professor que: «Esta lenda foi recolhida em Melgaço e encontra-se também referenciada nas monografias locais. Em Castro Laboreiro existe uma tradição oral de que uma mulher, em luta com os castelhanos, de um só golpe degolou sete espanhóis! Perante o poderio do inimigo, é sempre a mulher, na aparente fraqueza do seu género, a ditar o rumo da contenda! A lenda chama a esta batalha “Empresa das Mulheres”. Veja-se que a lenda da Inês Negra fica conhecida nas crónicas com a designação de “Escaramuça entre duas mulheres bravas».

3 comentários:

fotógrafa disse...

120 anos do nascimento de Fernando Pessoa

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Fernando Pessoa
Bom fds

abelhinha disse...

Um bzummmzummm da abelhinha,que espera que este fds seja cheio de sol,flores e muito mel para adoçar as nossas vidas..
bjo

S. disse...

Agora entendo um pouco melhor de onde vem a garra da mulher castreja... :-)
e só nós sabemos como é... :-)