14/03/08

Um dia do raio!

Castro Laboreiro, 18 de Novembro de 1659

«Aos dezoito dias de Novembro de 1659, que foi uma terça-feira, às nove horas da manhã caiu um raio na Torre do Castelo, que servia de armazém da pólvora e mais munições, o qual raio deu na pólvora e fez a maior ruína que se sabe, pois da Torre e mais partes acessórias não ficou pedra sobre pedra e deste grande prodígio se vê claramente ser grande castigo do céu que Deus mandou castigar pecadores que dentro deste castelo estavam e nesta grande desventura se viram grandes milagres.

O primeiro foi escapar o Governador Gaspar de Faria com a sua mulher e mais família, estando na parte mais arriscada, pois aí removeu a muralha da Torre as suas casas e as fez em pedaços e aí estavam e aí escapou com mais segurança e castigou o que na Ermida não podia ficar pedra sobre pedra pois caiu toda a Torre sobre ela e ficou Nossa Senhora dos Remédios e aí me recolhi, sem cobertura, sem água, ficando debaixo toda a máquina.

Terceiro milagre; - Foi que escapou um Escrivão do Governador debaixo desta ruína, sem avaria e são.

Nesta desventura morreram - Gaspar Lima de Castro; Escrivão das Décimas e Sisas e Treslados; e um mulato seu criado, por seu nome Marcos, natural de Tangil e um miúdo, criado do Governador, por nome de Gaspar de Medela e dois soldados.

Do livro n.º 51, folhas 5. Gaspar de Almeida dos Capitães o fez.»

Esta crónica da destruição da Torre de Menagem do Castelo de Laboreiro em 1659, foi publicada por Alexandra Cerveira Pinto Lima, in Castro Laboreiro – Povoamento e Organização de um Território Serrano, Cadernos Juríz Xurês n.º 1, 1996, pág. 55, nota 38. A transcrição que acima vai publicada é da autoria do Padre Aníbal Rodrigues e consta na sua obra "O CASTELO DE CASTRO LABOREIRO", Separata de ESTUDOS REGIONAIS, Viana do Castelo: Centro de Estudos Regionais. 1996, Vol.17. a pág. 8.

Sem comentários: