04/10/07

No "renque"

Se consultarmos um dicionário ficamos a saber que “Renque” deriva, etimologicamente, do Provençal (Occitano) “Renc” e/ou do Germânico “Hring” e significa uma fileira, uma fila ou uma série de pessoas ou coisas alinhadas. Trata-se de uma palavra em franco desuso no português norma actual, ignaramente substituída pelo anglicismo “Rank” ou “Ranking”.

Apesar destes modernismos bacocos, há um poema famoso de Alberto Caeiro (pseudónimo de Fernando Pessoa) que imortaliza a palavra "Renque". Chama-se “Um Renque de Árvores” e reza assim:

Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta.
Mas o que é um renque de árvores? Há árvores apenas.
Renque e o plural árvores não são cousas, são nomes.

Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem,
Que traçam linhas de cousa a cousa,
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais,
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso!


Em Castro Laboreiro, o “Renque” é um sítio informal, onde costumeiramente os Castrejos se encontram (se alinham!) nos seus momentos de ócio ou a caminho dos seus afazeres quotidianos e, prazenteiramente, se demoram a pôr as novidades em dia, falando do tempo, da agricultura ou de qualquer outra novidade mundana que os traga intrigados. Embora com conotações bem mais modestas, é algo assim como o “Largo” dos alentejanos tão bem descrito e caracterizado por Manuel da Fonseca na sua obra intitulada o “Fogo e as Cinzas”.

Eis aqui esta preciosa fotografia onde se vê Castrejos autênticos num Renque autêntico:



Autor: Phoenix Ocean
Fonte: Flickr

2 comentários:

fotógrafa disse...

Fotografia autêntica!!!

Anónimo disse...

pois essa gente ai conhessoa eu, alguma ainda e da minha familia,loll,......