27/06/07

O COLMO



“Desanimado, meti para Castro Laboreiro à procura dum Minho com menos milho, menos couves, menos erva, menos videiras de enforcado e mais meu. Um Minho que não fosse afinal.
Encontrei-o logo dois passos adiante, severo, de curcelo e carapuça. A relva dera lugar finalmente à terra nua que, parda como o burel, tinha ossos e tinha chagas. O colmo de centeio, curtido pelos nevões, perdera o riso alvar das malhadas. Identificara-se com o panorama humano, e cobria pudicamente a dor do frio e da fome.”


MIGUEL TORGA in «Portugal»

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