29/06/07

Gravuras do Castelo de Castro Laboreiro e o Livro das Fortalezas






(Estas gravuras são pertença de José Domingues co-fundador do Núcleo de Estudos e Pesquisa dos Montes Laboreiro)

A autora destas belas gravuras (datadas do ano de 2001) é a Dr.ª Martine Rodrigues, esposa do Dr. José Domingues co-fundador do Núcleo de Estudos e Pesquisa dos Montes Laboreiro, a quem faço aqui a devida vénia pois, como podem ver, as mesmas são notáveis e inspiram-se, visivelmente, nos “debuxos” do Castelo de Castro Laboreiro feitos, cerca de 1509, por Duarte de Armas no Livro das Fortalezas (existem duas vistas – Norte e Sul - e uma planta).

Sobre o, interessantíssimo, Livro das Fortalezas veja-se aqui. Além do original arquivado na torre do tombo existe um Fac-Símile publicado pelas Edições Inapa:



De salientar que este Livro contém a prova documental que no Reinado de Dom Manuel I (25 de Outubro de 1495 a 13 de Dezembro de 1521), a Torre de Menagem ainda existia. De facto, foi só em 18 de Novembro de 1659 (portanto, durante o reinado de Dom Afonso VI, mais concretamente durante o período da regência de Dona Luísa de Gusmão e em plena Guerra da Restauração – em 14 de Janeiro de 1659 ocorreu a batalha das Linhas de Elvas vencida pelo exército português) que se deu a famosa explosão no paiol da pólvora que destruiu a bela Torre de Menagem do Castelo da nossa Terra (o documento que prova este acontecimento histórico foi publicado por Alexandra Cerveira Pinto Lima, in Castro Laboreiro – Povoamento e Organização de um Território Serrano, Cadernos Juríz Xurês n.º 1, 1996, pág. 55, nota 38.) Maldita explosão que nos privou daquele que seria, sem qualquer sombra de dúvida, o Castelo roqueiro mais imponente de Portugal!

28/06/07

Fotografias antigas de Castro






Fotografias antigas tiradas por António Jorge Barros (fotógrafo do Parque Nacional da Peneda Gerês) e publicadas no albúm "Regressos":




Cadelo

Olhem só para este!
Aposto que viu alguma cadela interessante!?






Baldios

Pelas notícias que me chegam através do Blog “DESABAFOS DE CASTRO LABOREIRO”, há uma séria (ou pelo menos insólita!) polémica sobre a administração dos baldios em Castro Laboreiro.
Ora, para mim, a existência de polémicas desta natureza em Castro é algo verdadeiramente inédito pois (tanto quanto sei!), os baldios foram sempre respeitados e administrados de forma serena e consensual. Isto mesmo durante a campanha de florestação desenvolvida pelo Governo de Salazar durante os anos 40 e 50 do século passado (ao contrário de outras freguesias do país que se revoltaram por considerarem que lhe estavam a roubar os pastos para o gado – o que num elevado número de casos era mesmo verdade!)
Como estou longe do centro da polémica e por isso há dados que me faltam, gostaria que alguma alma caridosa e minimamente bem informada me explicasse porque é que, no ano de 2007, se levanta uma polémica acesa (pelo que vou sabendo!) sobre a administração dos baldios de Castro Laboreiro?
Será que alguém é suficientemente simpático e despretensioso para me pôr ao corrente?

27/06/07

O COLMO



“Desanimado, meti para Castro Laboreiro à procura dum Minho com menos milho, menos couves, menos erva, menos videiras de enforcado e mais meu. Um Minho que não fosse afinal.
Encontrei-o logo dois passos adiante, severo, de curcelo e carapuça. A relva dera lugar finalmente à terra nua que, parda como o burel, tinha ossos e tinha chagas. O colmo de centeio, curtido pelos nevões, perdera o riso alvar das malhadas. Identificara-se com o panorama humano, e cobria pudicamente a dor do frio e da fome.”


MIGUEL TORGA in «Portugal»

Longe de Castro Laboreiro

Quanto mais os anos passam, mais eu me sinto longe de Castro Laboreiro! Nasci lá sabem? Há já quase quatro décadas! Nasci num tempo puro e primordial, simultaneamente agreste e belo e por isso, tive uma infância muito feliz que me apetrechou para a vida, mas depois chegou aquela hora que todos os Castrejos da minha geração conheceram: -A hora de partir!

E assim, numa "manhã submersa", lá fui eu, não para "as Franças" como tantos outros, mas para outro estrangeiro: - Portugal. Não para trabalhar, mas antes para estudar e conseguir aquilo que os meus pais, como todos os pais castrejos, almejaram e continuam a almejar para os seus filhos: - Uma licenciatura que lhes permita viver uma vida menos rude e esforçada do que aquela que eles tiveram de enfrentar.

Foram tempos duros podem crer! Uma criança na pré-adolescência colocada num mundo totalmente diferente daquele onde nascera, um mundo tão diferente em que até as palavras e a sua entoação eram outras, onde não chegava o cheiro das manhãs de Primavera de Castro, onde não se ouvia o alegre chilreio dos pássaros nas carvalheiras da minha terra. Tive muitas saudades! Muitas saudades! De tudo, até das pedras e do frio do inverno. Mas bom! O tempo passou e lá me fui integrando e acabei por cumprir o desígnio dos meus pais (e que também foi o meu), justificando assim o investimento afectivo e financeiro que em mim fizeram.

Depois veio a profissão, o casamento, os filhos e as novas raízes foram brotando e fixando-me longe de Castro Laboreiro. Mas a minha verdadeira raíz guardo-a no canto mais luminoso do meu espírito e não há um único dia em que não me lembre da minha terra e da minha infância feliz em Castro Laboreiro.

Por isso, por me sentir longe mas simultaneamente perto, decidi criar este Blog. Para falar de Castro Laboreiro na perspectiva de um Castrejo migrante. Para falar da terra, da sua história e da sua evolução nas últimas décadas, mas também para falar dos problemas do dia a dia dos Castrejos, das polémicas que nos últimos anos tem criado divisões numa comunidade caracterizada por uma união cimentada ao longo de séculos a enfrentar um meio hostil.

Peço por isso a colaboração de todos os meus conterrâneos (os que lá estão e os que estão longe como eu!) e de todas as outras pessoas que queiram falar sobre Castro laboreiro.

Ajudem-me, por favor, a tornar este Blog um veículo de compreensão mútua e de aprofundamento dos laços que unem todos aqueles que amam verdadeiramente Castro Laboreiro.